O universo das ações do antigo Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) é cercado por uma névoa de dúvidas, histórias de família e informações desencontradas. Para cada pessoa que descobriu um pequeno tesouro em uma gaveta antiga, há dezenas de outras que não sabem o que fazer, paralisadas por mitos e boatos que se espalharam ao longo dos anos.
Será que esses papéis ainda valem alguma coisa? É um processo seguro? Estou sendo enganado? A falta de clareza é a maior inimiga de quem possui um patrimônio valioso sem saber. Por isso, em 2025, é hora de acender as luzes e separar a ficção da realidade.
Este artigo funciona como um “caçador de mitos”. Vamos abordar as 10 crenças mais comuns sobre as ações do BESC e da BESCRI e confrontá-las com os fatos. Ao final da leitura, você terá a confiança e o conhecimento necessários para tomar a melhor decisão sobre o seu patrimônio.
A Batalha dos Fatos: Separando Mitos de Verdades
Mito 1: “O BESC faliu e fechou as portas, então as ações viraram pó.”
VERDADE: Esta é a principal e mais perigosa desinformação. O BESC não faliu. O que ocorreu foi um processo de incorporação pelo Banco do Brasil em 2008. Juridicamente, isso significa que o Banco do Brasil, uma das instituições mais sólidas do país, assumiu todos os direitos e, crucialmente, todas as obrigações do BESC. As ações são uma obrigação com os acionistas. Portanto, o seu valor não virou pó; ele passou a ser garantido pelo Banco do Brasil.
Mito 2: “O valor real da minha ação é o que está impresso no certificado.”
VERDADE: O valor de face impresso no papel (em Cruzeiros, Cruzados ou Reais antigos) é apenas um registro histórico e não tem nenhuma relevância para o cálculo atual. O valor real é determinado por um Laudo de Avaliação Financeira, que calcula a quantas ações do Banco do Brasil (BBAS3) seus papéis teriam direito, soma todos os dividendos e juros não pagos desde 2008 e corrige tudo pela inflação. O resultado é um valor muitas vezes milhares de vezes maior que o impresso no certificado.
Mito 3: “Basta eu ir a qualquer agência do Banco do Brasil para trocar minhas ações por dinheiro.”
VERDADE: Embora a obrigação seja do Banco do Brasil, o gerente da sua agência local não tem treinamento nem ferramentas para realizar essa operação. Trata-se de um procedimento corporativo complexo, ligado a um evento de fusão ocorrido há quase duas décadas. A rede de agências de varejo não está equipada para isso. O caminho para a venda não é o balcão do banco, mas sim o mercado especializado que se formou para negociar esses títulos para fins de garantia judicial.
Mito 4: “Vender essas ações é um ‘jeitinho’ ou um processo ilegal.”
VERDADE: A venda das ações do BESC é uma operação 100% legal, baseada em um instrumento jurídico padrão chamado Contrato de Cessão de Direitos Creditórios. Você está, legalmente, vendendo um direito de crédito que possui. O uso desses créditos por empresas para garantir dívidas em processos judiciais também é uma estratégia jurídica legítima, amparada pelo Código de Processo Civil. Não há nada de ilegal ou obscuro no processo quando feito da forma correta.
Mito 5: “O ‘deságio’ na venda é um sinal de que estou sendo enganado.”
VERDADE: O deságio é uma parte normal e legítima do negócio. Pense assim: se o laudo diz que suas ações valem R$ 100.000,00 para fins de garantia judicial, o comprador (uma empresa) precisa de uma margem de lucro para que a operação valha a pena para ele. Ele irá arcar com custos judiciais e terá seu capital imobilizado por um tempo. Ao oferecer a você, por exemplo, R$ 70.000,00 à vista, ele está embutindo o lucro e o risco dele na operação. Em troca, você recebe o dinheiro imediatamente, sem risco e sem esforço. Deságio não é golpe, é a lógica de mercado para a antecipação de um recebível.
Mito 6: “As ações da BESCRI valem menos ou são diferentes das do BESC.”
VERDADE: A BESCRI (BESC S.A. Crédito Imobiliário) era o braço imobiliário do grupo BESC. Suas ações seguiram exatamente o mesmo destino: foram abarcadas na incorporação e também representam um crédito contra o Banco do Brasil. O método de avaliação é o mesmo e elas têm a mesma utilidade no mercado. A única diferença está nos detalhes técnicos do cálculo (como o fator de conversão), mas, em termos de potencial de valor e liquidez, são equivalentes às ações do BESC.
Mito 7: “É melhor esperar mais tempo para vender, pois o valor só aumenta.”
VERDADE: Embora o laudo de avaliação aplique a correção monetária, o que protege o valor da inflação, deixar o dinheiro parado na forma de ações tem um custo de oportunidade. O valor que você receberia hoje poderia ser investido em algo mais rentável, usado para quitar uma dívida com juros altos ou para realizar um projeto pessoal. Além disso, o mercado para esses papéis é aquecido hoje devido a condições jurídicas e econômicas favoráveis. Não há garantia de que essa “janela de oportunidade” para vender com boas condições permanecerá aberta para sempre.
Mito 8: “Preciso pagar um advogado caro para conseguir vender minhas ações.”
VERDADE: Para o ato da venda em si, você não precisa contratar seu próprio advogado. Uma empresa de assessoria séria e especializada já conta com um departamento jurídico que elabora o Contrato de Cessão de Direitos e cuida de toda a formalização da transação, garantindo a sua segurança sem custo adicional para você. O advogado é essencial para a empresa que compra as ações e as utiliza no processo judicial.
Mito 9: “Qualquer contador pode avaliar minhas ações, ou eu mesmo posso achar o valor na internet.”
VERDADE: O cálculo do valor das ações do BESC é uma perícia financeira complexa. Não se trata de uma simples conta de multiplicação. É necessário um conhecimento profundo sobre o protocolo de incorporação, o histórico de proventos do Banco do Brasil e a aplicação correta da correção monetária. Apenas um Laudo Pericial assinado por um profissional qualificado (contador ou economista) tem validade no mercado e na justiça. Avaliações informais ou “de calculadora” não têm valor legal.
Mito 10: “O processo de venda é muito complicado e arriscado para uma pessoa comum.”
VERDADE: O processo é complexo em seus bastidores técnicos e jurídicos. No entanto, o papel de uma boa assessoria é justamente blindar você de toda essa complexidade. Para o vendedor (você), o processo se torna extremamente simples e seguro: você entrega os documentos, acompanha a avaliação, recebe uma proposta, assina um contrato e recebe o dinheiro. Toda a parte complicada é absorvida pelos especialistas.
Conclusão: Conhecimento é Poder e Segurança
Navegar no mundo das ações do BESC pode parecer intimidador, mas, como vimos, a maioria dos medos e dúvidas nasce de mitos e informações incorretas. Ao entender a verdade por trás de cada um desses pontos, você deixa de ser um espectador receoso e se torna um proprietário informado, capaz de tomar decisões inteligentes sobre o seu patrimônio.
A realidade é que você pode estar de posse de um ativo valioso, e o processo para realizar esse valor é seguro, legal e bem estabelecido. Agora que você conhece os fatos, o próximo passo é seu. Não deixe que boatos impeçam você de resgatar um legado. Procure orientação profissional e descubra o verdadeiro potencial que está guardado em seus documentos antigos.